A Biodiversidade da Minha Escola | Trabalhos – Desafio Alunos

Escola Secundária João da Silva Correia (São João da Madeira)

Escalão: Escalão 3 - Secundário, Profissional e Superior

Ano de Escolaridade:
7º a 12º

N.º de Participantes:
80 (4 dinamizadores, do 12º ano, CCA; 40 do 11ºano em atividade de laboratório; 17 do 7º ao 9º ano + 19 do 10º e 11º ano, na oficina)

Fotografias das espécies encontradas:

Digitalização das ilustrações das espécies encontradas:

Ficha das espécies fotografadas/ilustradas:

Registo Fotográfico do desenvolvimento do trabalho:

Memória descritiva:
A Escola Secundária João da Silva Correia tem um amplo espaço exterior, boa parte do qual com uma cobertura vegetal de plantas herbáceas espontâneas, cujo aspeto algo caótico, contrastante com a homogeneidade dos habituais espaços jardinados urbanos, atraiu a atenção de um grupo de 4 alunas do Curso Científico-Humanístico de Ciências e Tecnologias do 12º ano, membros do Clube Ciência em Ação (CCA) e do Conselho Eco-Escolas, interessadas em temáticas da área de ambiente e sustentabilidade. Assim surgiu a ideia de desenvolver um projeto que permitisse conhecer as espécies de flora presentes no jardim da frente do estabelecimento escolar e planear as ações de corte tendo em vista a sustentabilidade neste ecossistema urbano.
Cientes de que os alunos desconhecem as espécies de flora silvestre, muitas das quais autóctones, outras invasoras, bem como a importância da polinização para a sua reprodução e das interações flora-fauna para a sustentabilidade, o projeto foi planeado de modo a envolver toda a comunidade escolar. Pretendia-se proporcionar recursos e ambientes não formais de aprendizagem, devidamente articulados, que estimulassem o contacto com a natureza, o conhecimento e compreensão do conceito de biodiversidade e a adoção de medidas para a conservação da biodiversidade a nível local, promovendo a articulação entre ciclos, entre estruturas e entre projetos da escola. O projeto foi delineado, planificado e implementado por alunas do CCA, sob orientação da professora responsável por essa atividade extracurricular.
Para fundamentação teórica do projeto, procedeu-se a pesquisa online e na biblioteca escolar, sobre as plantas herbáceas silvestres, da Classe das Angiospérmicas, que crescem em prados, em campos agrícolas, mas também em jardins das áreas urbanas, bem como sobre a sua manutenção e controlo. Encontraram-se estudos diversos, como o de Clara Sousa (2016), na dissertação de Doutoramento na Universidade de Évora, intitulada “A condução de espécies herbáceas espontâneas em Portugal, na sua utilização em prados de flor” e também relatórios sobre a proteção dos polinizadores selvagens na União Europeia, como este https://www.eca.europa.eu/Lists/ECADocuments/SR20_15/SR_Pollinators_PT.pdf e artigos de divulgação à comunidade como este https://www.publico.pt/2019/03/25/local/noticia/ervas-daninhas-tambem-dao-flores-nao-cortadas-mal-comeca-primavera-1866480 . Vislumbrou-se a diversidade de plantas silvestre nos jardins em fontes como artigos de revistas, por exemplo: https://www.evasoes.pt/o-que-fazer/plantas-silvestres-dez-tesouros-que-crescem-na-berma-dos-caminhos/937632/ Acedeu-se a artigos online, nos quais se tomou conhecimento de ações em diversas localidades de controlo do corte das plantas para proteção dos polinizadores, como se pode ler em https://greensavers.sapo.pt/dia-mundial-das-abelhas-protecao-aos-polinizadores-depende-de-todos/.
Sabe-se assim que o corte sucessivo apenas permite o desenvolvimento de plantas de ciclo de vida curto. Muitas espécies de plantas que podem crescer em espaços jardinados precisam de mais tempo para completar o seu ciclo de vida. Ao deixá-las crescer, na primavera, estamos a preservar a diversidade vegetal. Por sua vez, essas plantas fornecem alimento, abrigo e água para pequenos animais polinizadores (abelhas e outros artrópodes), que são nossos aliados na produção vegetal e controlo de pragas.
Decorrendo da pesquisa, estabeleceu-se o plano de intervenção na ESJSC, articulando os planos de ação do CCA e do Eco-Escolas, planeando manter as plantas do jardim frontal por cortar até ao fim de maio, permitindo completar o ciclo de vida das plantas e alimentar os polinizadores. Até lá, procedia-se ao estudo, conservação e representação de espécimes mais representativos da flora espontânea do jardim da escola e davam-se a conhecer à comunidade escolar.
Numa primeira fase, após observações preliminares no jardim da escola e no laboratório pelas alunas do CCA, os alunos do 11º ano, em aula prática de Biologia e Geologia, estudaram o ciclo de vida e classificação científica das plantas. Esta fase do projeto culminou com uma atividade de divulgação, dinamizada por alunos do 11º ano para os alunos de 9º ano do agrupamento de escolas, no Laboratório Aberto, durante as Jornadas João da Silva Correia, em 7 e 8 de abril. Depois, foi criado pelas alunas do CCA um póster, para divulgação à comunidade escolar da importância dos polinizadores para as plantas com flor e vice-versa, afixado à entrada da escola, no espaço polivalente e publicado na página online do AEJSC, acessível em http://www.aejsc.pt/images/2021-2022/ecoescola/Erva_a_cortar.pdf
Numa segunda fase, procedeu-se ao registo fotográfico, identificação, ilustração e herborização de espécies de plantas angiospérmicas silvestres do jardim da escola. Estas atividades decorreram em duas etapas.
Primeiro, envolvendo um pequeno grupo de cerca de 10 alunos do CCA, de 11º e 12º ano, que observaram, fotografaram e identificaram espécimes, recorrendo aos seus dispositivos móveis. Para a identificação, no terreno e em laboratório, usaram as aplicações “Picture This” e “Flora On”. Para aprender a realizar ilustração científica, as 4 alunas do CCA fizeram um Workshop com uma docente de educação Visual, pertencente ao Conselho Eco-Escolas. Para melhor conhecer as plantas usaram guias de campo da biblioteca escolar e pesquisaram em páginas online, descobrindo algumas curiosidades sobre os seus usos, estatuto de conservação, distribuição, etc.
Depois, no dia 26 de abril, durante a “Semana da Terra” que decorreu no município, realizou-se uma Oficina de Ilustração, Identificação e Herborização de plantas silvestres recolhidas no Jardim, na qual participaram alunos de todas as turmas do 7º ao 11º ano, da ESJSC, num total de 37 (dois a três representantes de cada turma). A atividade foi dinamizada por 3 alunas do CCA, sob a orientação de dois professores do conselho Eco-Escolas e na presença da técnica de ambiente da autarquia, Vera Neves. Cada aluno identificou e ilustrou um espécime vegetal, preparando-o depois para secagem.
De seguida, um grupo de alunos do 12º ano, incluindo as alunas do CCA, visitou o Herbário da Universidade de Aveiro, no dia 5 de maio.
Na última fase do projeto, com os materiais previamente preparados, as alunas do CCA prepararam folhas de herbário com os espécimes secos, elaboraram fichas, selecionaram e identificaram fotografias e digitalizaram ilustrações (uma de cada espécie).
Finalmente, aludindo às comemorações do dia da Biodiversidade, na semana de 23 a 27 de maio, foram expostas no gabinete do espaço polivalente, acessível a todos os alunos, as folhas de herbário com as respetivas fichas e as ilustrações realizadas pelos alunos das várias turmas da escola. Em simultâneo, foram expostos pósteres de espécies de árvores do espaço escolar, realizados por turmas de 8º e 10º ano, em projetos de autonomia curricular paralelos a este.
No seu todo, o projeto proporcionou excelentes oportunidades de contacto com aspetos da natureza, de desenvolvimento de capacidades de observação, de pesquisa e de compreensão do conceito de biodiversidade, a nível de espécies e de interações nos ecossistemas.
Pretende-se que o projeto tenha continuidade nos próximos anos, sugerindo-se a continuação do herbário, a recolha de sementes, a construção de painéis ilustrativos da biodiversidade da flora do jardim, a monitorização das espécies de flora e dos polinizadores.
Fica a mensagem fulcral deste projeto: Apreciem a beleza de um jardim de plantas silvestres!
A professora dinamizadora do CCA,
Coordenadora do Departamento de Ciências Naturais e Experimentais
Cristina L. Ferreira.